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O desafio humano de viver com sentido

Viver humanamente é sempre um desafio. Somos desafiados o tempo todo. Provavelmente você já parou para pensar sobre o sentido da vida ou como viver com mais sentido e com qualidade de vida. A resposta não é tão simples, pois estamos envoltos pelo mistério da vida! Será que existe alguma estrutura fundamental do ser humano que permite compreender ou preencher de sentido o seu existir? Se nossa resposta for afirmativa, então, qual será essa estrutura fundamental? É dela que falaremos agora. Há três dimensões essenciais que compõe o ser humano: o corpo ou exteriorização, o psíquico ou interiorização e o espírito ou profundidade. Separaremos por efeito de maior compreensão, sabedores de sua profunda articulação existencial.

O corpo ou exteriorização

No corpo é onde tudo começa e por onde o ser humano se mostra ao mundo. Momento que denominamos presença natural, ou seja, o ser humano é expressão de sua forma biológica, simplesmente está-no-mundo, satisfaz suas necessidades básicas. Em seguida, vem sua presença intencional. Lentamente deixa de se perceber somente como sendo o seu corpo e, processualmente, passa a se compreender como tendo um corpo. Não fica mais passivo esperando ser atendido, mas, lentamente, passa a interagir com o meio em que vive. Surge a noção do eu corporal, ou seja, começa a emergir a percepção de que ele é sujeito e faz parte de uma história, aflora a noção de espaço e de tempo.


Sua presença no mundo passa a ocorrer em vários níveis: biológico, emocional, mental, social, político, cultural, religioso e cósmico. A presença intencional no mundo provoca a compreensão de que o ser humano é sexuado e, portanto, diferente do outro. Essa noção perpassa todos os níveis. O emocional demarca a presença na ordem da afetividade. Nesse nível emerge o desejo, o sentimento e a imagem. A sexualidade será envolta pela afetividade. O mental estabelece sua presença pelo emergir da consciência e da racionalidade. A sexualidade será envolta pela racionalidade. Há uma profunda articulação do emocional e do mental no psíquico humano. O ser humano nasce corpo biológico, se exterioriza, mas, ao dar intencionalidade a sua existência no contato
intersubjetivo e na contemplação cósmica, desenvolve suas potencialidades e passa a construir um mundo com sentido. Isso é propriamente tornar-se humano.

O psíquico ou a interiorização

A dimensão psíquica do ser humano se localiza em uma posição estratégica: encontra-se entre o corpo e o espírito. Portanto, estruturalmente mediadora. Da presença imediata (do corpo) para a presença mediata (do psíquico). A presença acontece pelo filtro da percepção e do desejo. A passagem do estar-no-mundo para o ser-no-mundo provoca a interiorização do ser humano. Seu mundo interior começa a aflorar cada vez com maior intensidade. É o emergir de sua consciência.

Nesse novo estágio de ser-no-mundo, a interioridade humana processa-se a partir de uma delicada e constante articulação entre liberdade e consciência, emoção e razão. Viver é comprometer-se em manter em constante equilíbrio essa maneira de ser-no-mundo. O ser humano não mede esforços para alcançar esse equilíbrio.

A percepção humana capta o mundo exterior e o interioriza. Internamente emergem três crivos que verificam o que foi captado: o imaginário, o afetivo e o racional. A interioridade humana se configura através desse processo de captação do mundo exterior, análise pelos crivos internos e nova exteriorização em forma de comportamento.
Entretanto, isso não é simples, pois sua localização em um tempo e em um espaço específicos na história, a maneira como elabora sua captação do mundo e como estabelece suas relações intersubjetivas possibilitam a emergência de um comportamento mais ou menos saudável.

O ser-no-mundo é caracterizado como sendo relacional. Estabelecemos as mais diversas e variáveis relações: consigo, com o outro, com o cosmo, com o absoluto, com o transcendente. Entretanto, o que solidifica a experiência do sujeito no mundo é a relação intersubjetiva. O outro, por excelência, sempre desafia a interioridade do eu. Isso favorece a não acomodação do ser humano e estimula sua constante busca de aprimoramento. O imaginário, o afetivo e o racional convergem para a construção da unidade consciencial,
demarcando seu eu interior. Aqui se delineia a identidade do sujeito que será expressa no sentimento de si. Isso será assumido e consumado na unidade espiritual.

O espírito ou a profundidade

As duas primeiras experiências são agora assumidas pelo espírito. Essa experiência possibilita que o ser humano se afirme, mantenha e aprofunde sua interioridade essencial. Ele seria determinado pelas leis da natureza se não fosse a mediação do sujeito, efetivada pela presença do corpo intencional e do psíquico. Agora ele é levado a um estágio de maior profundidade. Da experiência relacional com o outro relativo e que, a todo instante, o relativiza, para a experiência do absoluto e do transcendental. Se a experiência relacional demarca a relação intersubjetiva e preenche a vida humana de sentido, a experiência do absoluto com o mistério cósmico, podendo chegar ao mistério transcendental eleva o humano a outro patamar. Esta estrutura espiritual do ser humano insere a liberdade e a consciência humanas à amplitude absoluta e transcendental do bem, do belo, da verdade. Trata-se da experiência do infinito.

A dimensão espiritual possibilita olhos para que o ser humano reveja, reconfigure e ressignifique fatos e acontecimentos de sua vida passada e olhos para enxergar, pleno de utopia, o futuro que se vislumbra. Possibilita a articulação entre particular e universal.

É, portanto, ao longo da vida que o ser humano vai compreendendo, tomando consciência e aprendendo a articular as dimensões corpo-psíquico-espírito e experienciando o sentido do existir. Tornar-se humano significa propiciar que essas dimensões entrem em harmonia. O equilíbrio entre corpo, psíquico e espírito não é algo
estático ou paralisante, pelo contrário, é essencial para se manter livre e consciente na dinâmica do existir. Nesse horizonte, ele percebe-se vivo, desejante, livre, belo, racional e consciente.


Roberlei Panasiewicz1

1 Roberlei Panasiewicz é doutor em Ciências da Religião e professor do Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Religião da PUC Minas. E-mail: roberlei@pucminas.br

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