O portal de identidade e missão da PUC Minas.

Franciscus, S.J.

Por: Marcelo Galuppo

O Papa Francisco deixou um legado importante, que transcende a Igreja Católica, sobre o significado da liderança. Sua vida foi analisada por Chris Lowney a partir da formação jesuítica de Sua Santidade.

Palavras-chave: Papa Francisco; Liderança; Jesuítas

Jorge Bergoglio não contava com sua eleição em 2013. Quero dizer, contar, contava, mas do jeito que a gente conta toda semana com tirar a sorte grande na Mega Sena. Com 75 anos, já havia pedido a renúncia de seu cargo e preparava-se para viver os últimos anos de sua vida em paz e contemplação. Também não penso que tenha sido um susto, porque só foi eleito no quinto escrutínio, e é provável que ele tenha visto seu nome crescer e crescer nas votações anteriores, mas é certo que seu coração tenha disparado, quando foi interpelado pelo cardeal Jean-Louis Tauran: “Aceitas a eleição?” Nascia ali, com seu “sim”, o Papa Francisco, o primeiro Jesuíta, o primeiro nascido no Hemisfério Sul.

Bergoglio tornou-se noviço na Companhia de Jesus aos 22 anos, foi ordenado padre aos 36 anos, realizou sua Profissão Solene aos 37 anos (todos os religiosos proferem votos de obediência, pobreza e castidade, mas os Jesuítas proferem um quarto voto, de obediência ao Papa), no mesmo ano foi nomeado Provincial, aos 56 anos foi ordenado bispo e criado cardeal aos 65 anos.

Quando Inácio de Loyola fundou a ordem dos Jesuítas, em 1534, instituiu-a sobre valores militares (tanto que lhe deu o nome de Companhia de Jesus), 12 anos após ter escrito o livro que está na base da formação de seus membros, os Exercícios Espirituais, que iria moldar o caráter e o destino de Bergoglio. É a partir desse livro que Chris Lowney, ele mesmo um ex-seminarista Jesuíta e autor de Pope Francis: Why He Leads the Way He Leads (2013), analisou o estilo de liderança de Papa Francisco, que sintetiza em seis hábitos.

Em primeiro lugar, Francisco conhecia profundamente a si mesmo. Em seu pontificado, não vimos uma pessoa representando o papel de Papa: vimos Jorge sendo ele mesmo, e foi essa fidelidade a si próprio que o tornou tão fiel à sua missão. Quando conhecemos a nós mesmos, descobrimos que podemos dar uma contribuição valiosa e que temos a responsabilidade de fazê-lo, apesar de nossas próprias falhas.

Em segundo lugar, Francisco viveu para servir, e não para ser servido, e costumava dizer que serviço é o poder autêntico. Liderança, ensina James Hunter em O monge e o executivo (1998), consiste em trabalhar para suprir as necessidades dos outros e fornecer-lhes oportunidades para mostrarem todas suas potencialidades, e não em exigir para si privilégios e regalias.

Em terceiro lugar, Francisco estava presente no mundo, não apenas com suas pernas e boca, mas sobretudo com seus olhos e ouvidos: entende-se melhor o mundo a partir de sua periferia, e não a partir de seu centro, e só é possível conhecer as necessidades dos liderados caminhando no meio deles, ouvindo-os, vendo-os, vivendo sua vida.

Em quarto lugar, Francisco sabia que, apesar de presente no mundo, ele não era do mundo, e por isso se retirava constantemente em meditação para reavaliar sua própria ação. Quem está exposto ao mundo por muito tempo pode ser corrompido por ele, perdendo a capacidade de o transformar no que ele deveria ser, e por isso um momento inegociável da agenda do Papa eram o momento oração e de contemplação. Isso não seria possível sem delegar responsabilidades, balanceando autoridade e confiança, porque acabamos absorvidos pelo gerenciamento de detalhes que mina nossa relevância se não sabemos delegar.

Em quinto lugar, Francisco não era alguém que negava o passado, mas que reinterpretava seu sentido no presente. O compositor Gustav Mahler dizia que “tradição não é a veneração das cinzas, mas a propagação do fogo”. Francisco confirmou a tradição colegiada da Igreja Católica, que se tornou decisiva a partir do Concílio Vaticano II, reinterpretando-a. Se para construirmos o futuro precisássemos romper continuamente com o passado, sempre voltaríamos ao ponto de partida.

Em sexto lugar, Francisco orientava suas ações para criar o futuro que ele imaginava, vendo-se como responsável por suas decisões. Francisco queria fazer do mundo um lugar melhor, e tinha uma visão de como ele seria, e agiu todo o tempo para aproximar o mundo real dessa visão.

Sobre o autor: Marcelo Galuppo é professor da PUC Minas e da UFMG, e autor do livro Os sete pecados capitais e a busca da felicidade, da editora Citadel, entre outros. Ele escreve quinzenalmente aos domingos no Diário de Minas.

Nam vitae dolor sed libero porta eleifend non sed nulla

Nam convallis

Nam vitae dolor sed libero porta eleifend non sed nulla

Nam vitae dolor sed libero porta eleifend non sed nulla

Nam convallis

Nam vitae dolor sed libero porta eleifend non sed nulla

Fale conosco

Av. Dom José Gaspar, 500 – Prédio 02
Coração Eucarístico | Belo Horizonte, MG
CEP: 30.535-901
(31) 3319-4933
sincronos@pucminas.br